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sábado, 23 de janeiro de 2010

Vamos pegar um Trem Noturno para Lisboa?



Trem Noturno para Lisboa – Pascal Mercier
Entrei na Livraria e vi o livro. Como sempre penso em tomar um vôo noturno para Lisboa, achei que o livro poderia ser um bom começo. Peguei-o e folheando encontrei uma citação de Fernando Pessoa. Ótimo começo, afinal tenho também muitos "eus" em meu "eu". Na capa, sobre fundo negro, Isabel Allende diz que foi um dos melhores livros que leu nos últimos tempos. Na contracapa a sinopse. Não precisava de mais recomendações. Pascal Mercier é o autor. Usa pseudônimo, não sei para que. É suíço, de Berna. Vive em Berlim onde é professor de Filosofia.
Trem noturno para Lisboa fez tanto sucesso na Europa que passou a ser uma expressão utilizada para referir-se a alguém que pretende mudar de vida. É essa a idéia central do livro: uma transformação na vida do protagonista. Mas Raimund Gregorius não tinha o desejo ou pensava em mudar de vida. Ele apenas mudou, de uma hora para outra. E foi assim tão de repente que nem mesmo ele acreditava no que tinha feito. Tudo começou em uma manhã na qual ele estava indo para o trabalho. Sua vida era extremamente rotineira. Naquela manhã, chovia. Ele viu a mulher na ponte que ia atravessar. A atitude dela levou-o a pensar que iria saltar. O vento carregou seu guarda-chuva e derrubou sua pasta espalhando seus cadernos pelo asfalto molhado. A mulher viu e se aproximou. E escreveu uma sequência de números na testa dele. E nesse momento, ele decidiu tudo, embora não soubesse o que exatamente estava decidindo. Ele pergunta a ela sobre sua língua materna o Português, ele, professor de línguas antigas, inebriou-se com a sonoridade: purtugueish. Uma melodia pura. Em uma livraria espanhola, encontrou um livro em português – Amadeu Inácio de Almeida Prado – Um ourives da Palavra.
Raimund viaja para Lisboa para conhecer a vida que Amadeu Prado, e quem sabe conhecer a sua própria vida. É uma longa viagem para dentro de si mesmo através da leitura de um livro em que o autor buscava também a si mesmo...
Cada capítulo exige uma parada para reflexão. Encontros conosco. Suas páginas levantam questões filosóficas acerca da vida e da morte, da solidão do homem entre os homens, da busca pela essência da alma. É certamente inesquecível. Fernando Pessoa disse certa vez que em nós há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente. E é assim que continuará a ser enquanto não conseguirmos encontrar nossa verdadeira individualidade, a busca continua através não só de uma única vida, mas pela eternidade.

2 comentários:

  1. Oi, Carla que iniciativa maravilhosa essa de compartilhar conosco uma literatura de primeira qualidade. Parabéns

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  2. Vamos compartilhar nossas experiências literárias. É sempre bom termos recomendações, afinal viajamos nesse mundo. Aproveite e coloque suas experiências.

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