domingo, 11 de abril de 2010
E então, o que você está esperando?
sábado, 20 de março de 2010
A medida do amor
domingo, 31 de janeiro de 2010
O guerreiro da luz e seu mundo
O guerreiro da luz e seu mundo | |
O guerreiro da luz sempre procura melhorar. Cada golpe de sua espada traz consigo séculos de sabedoria e meditação. Cada golpe precisa ter a força, a habilidade de todos os guerreiros do passado, que ainda hoje continuam abençoando a luta. Cada movimento no combate honra os movimentos que as gerações anteriores procuraram transmitir através da Tradição. O guerreiro desenvolve a beleza de seus golpes. Embora se comporte como uma criança. As pessoas ficam chocadas, porque esqueceram que uma criança precisa divertir-se, brincar, ser um pouco irreverente, fazer perguntas inconvenientes e imaturas, dizer tolices. E perguntam, horrorizadas: "É isso o caminho espiritual? Ele não tem maturidade!” O guerreiro se orgulha com este comentário. E mantêm-se em contacto com Deus, através de sua inocência e alegria. Age assim, porque no começo de sua luta, afirmou para si mesmo: “Eu tenho sonhos”. Depois de alguns anos, percebe que é possível chegar onde quer. Ele sabe que vai ser recompensado. Neste momento, a grande alegria que animava seu coração, desaparece. Porque enquanto caminhava, conheceu a infelicidade alheia, a solidão, as frustrações que acompanham grande parte da humanidade. O guerreiro da luz então acha que não merece o que está para receber. Quando aprende a manejar sua espada, descobre que seu equipamento precisa ser completo - e isto inclui uma armadura. Ele sai em busca da sua armadura, e escuta a proposta de vários vendedores. "Use a couraça da solidão", diz um. "Use o escudo do cinismo", responde outro. "A melhor armadura é não se envolver em nada", afirma um terceiro. O guerreiro, porém, não dá ouvidos. Com serenidade, vai até seu lugar sagrado e veste o manto indestrutível da fé. A fé apara todos os golpes. A fé transforma o veneno em água cristalina. O seu anjo sussurra: “entrega tudo". O guerreiro ajoelha-se, e oferece a Deus as suas conquistas. A Entrega obriga o guerreiro a parar de fazer perguntas tolas, e o ajuda a vencer a culpa. E se, ainda assim, achar que sua recompensa é imerecida, um guerreiro da luz sempre tem uma segunda chance na vida. Como todos os outros homens e mulheres, ele não nasceu sabendo manejar sua espada. Errou muitas vezes antes de descobrir sua Lenda Pessoal. Nenhum homem ou mulher pode sentar-se em torno da fogueira, e dizer aos outros: "sempre agi certo." Quem afirma isto está mentindo, e ainda não aprendeu a conhecer a si mesmo. O verdadeiro guerreiro da luz já cometeu injustiças no passado. Mas, no decorrer da jornada, percebe que as pessoas com quem agiu errado sempre tornam a cruzar com ele. Por isso, o guerreiro da luz tem a impressão de viver duas vidas ao mesmo tempo.Em uma delas, é obrigado a fazer tudo que não quer, lutar por idéias nas quais não acredita. Mas existe uma outra vida, e ele a descobre em seus sonhos, leituras, encontros com gente que pensa como ele. O guerreiro vai permitindo que suas duas vidas se aproximem. "Há uma ponte que liga o que eu faço com o que eu gostaria de fazer", pensa. Aos poucos, os seus sonhos vão tomando conta da sua rotina, até que ele percebe que está pronto para o que sempre quis. Então, basta um pouco de ousadia - e as duas vidas se transformam numa só. É sua chance de corrigir o mal que causou. Ele a utiliza sempre, sem hesitar. extraído de paulocoelho.com.br |
domingo, 24 de janeiro de 2010
O interior do exterior do interior
Qual será a imagem que passamos aos outros sobre nós mesmos? Será que somos aquilo que os outros observam em nós? Será que somos “vários” em nós?
Salvador Dali - Galatea de Las Esferas - 1952
Nossa intimidade interior e exterior afastam-se de tal forma em nós que torna-se quase impossível considerá-las intimidade de um único “eu”. Esse distanciamento em relação aos outros torna-se maior quando compreendemos que a nossa imagem exterior não aparece aos olhos dos outros como aos nossos próprios olhos. Não é possível observar e sentir as pessoas como observamos objetos ou estrelas. Observamo-las com expectativas de as encontrarmos de determinada maneira, transformando-as assim em um pedaço da própria interioridade. A força de nossa imaginação forma-as e transforma-as de maneira que estejam de acordo com os próprios desejos e esperanças, mas também de modo em que nelas se confirmem nossos próprios desejos, esperanças e temores. Com sinceridade, não conseguimos alcançar claramente os contornos exteriores do outro de maneira segura e imparcial. Será que conseguimos alcançar os nossos próprios contornos? Todos os desejos e fantasias que fazem de nós a pessoa insubstituível e única que somos. Segundo Mercier, O exterior de um interior ainda continua sendo um pedaço do nosso mundo interior, sem falar dos pensamentos que produzimos sobre o mundo interior estranho e que são tão inseguros e imprecisos que acabam por revelar mais sobre nós próprios do que sobre o outro...
sábado, 23 de janeiro de 2010
Vamos pegar um Trem Noturno para Lisboa?
Trem noturno para Lisboa fez tanto sucesso na Europa que passou a ser uma expressão utilizada para referir-se a alguém que pretende mudar de vida. É essa a idéia central do livro: uma transformação na vida do protagonista. Mas Raimund Gregorius não tinha o desejo ou pensava em mudar de vida. Ele apenas mudou, de uma hora para outra. E foi assim tão de repente que nem mesmo ele acreditava no que tinha feito. Tudo começou em uma manhã na qual ele estava indo para o trabalho. Sua vida era extremamente rotineira. Naquela manhã, chovia. Ele viu a mulher na ponte que ia atravessar. A atitude dela levou-o a pensar que iria saltar. O vento carregou seu guarda-chuva e derrubou sua pasta espalhando seus cadernos pelo asfalto molhado. A mulher viu e se aproximou. E escreveu uma sequência de números na testa dele. E nesse momento, ele decidiu tudo, embora não soubesse o que exatamente estava decidindo. Ele pergunta a ela sobre sua língua materna o Português, ele, professor de línguas antigas, inebriou-se com a sonoridade: purtugueish. Uma melodia pura. Em uma livraria espanhola, encontrou um livro em português – Amadeu Inácio de Almeida Prado – Um ourives da Palavra.
Cada capítulo exige uma parada para reflexão. Encontros conosco. Suas páginas levantam questões filosóficas acerca da vida e da morte, da solidão do homem entre os homens, da busca pela essência da alma. É certamente inesquecível. Fernando Pessoa disse certa vez que em nós há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente. E é assim que continuará a ser enquanto não conseguirmos encontrar nossa verdadeira individualidade, a busca continua através não só de uma única vida, mas pela eternidade.