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sábado, 22 de novembro de 2014

Pessoas em Pessoa - muitos Homens em um...

Fernando Pessoa é um grande, para mim,  o maior poeta português do século XX.  Nascido em 1888, na cidade de Lisboa, Pessoa são vários himens em  um  só. É conhecido pela “criação” de outros poetas, seus heterônimos. Figuras que são muito mais que pseudônimos, nascidos da complexidade do poeta, mas que possuem  vidas e  estilos literário próprios e  bem distintos.

Agora, o poeta fingidor de dores que deveras sentia tem sua poesia completa disponibilizada no Portal Domínio Público. A simplicidade camponesa de Alberto Caeiro, o futurismo de Álvaro de Campos, o neoclassicismo de Ricardo Reis, o desassossego do semi-heterônimo Bernardo Soares e, claro, as reflexões do próprio Pessoa estão disponíveis em PDF para download.

O conteúdo reunido no Domínio Público inclui as obras que o poeta português publicou na língua inglesa e todos os arquivos são bem legíveis (não são escaneados como eu pensei que fossem). O acervo obviamente tem seus probleminhas: obras repetidas e falta de organização cronológica são detalhes que até passam batido, o que pode incomodar um pouco mais é que ao procurar por “Fernando Pessoa” não aparecem algumas das obras de seus heterônimos. Mas nada que buscar por “Ricardo Reis”, por exemplo, não resolva.

Com a proposta de criar uma biblioteca virtual com conteúdos que podem ser acessados gratuitamente e composto por materiais que já se encontram em domínio público ou que tenham a licença dada pelos titulares dos direitos autorais, o Portal Domínio Público foi lançado em 2004 pelo Ministério da Educação do Brasil, com um acervo inicial de 500 obras. Hoje, segundo dados do próprio site, são quase 200 mil arquivos, sendo que 182.453 deles são de textos, ou seja: livros, muitos livros! #vivacultura , leia mais.

Dicas de download.

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/vo000008.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/pe000001.pdf


XXIX - Nem Sempre Sou Igual
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Um comentário:

  1. Pessoa, por Carla Martins, é mostrado de forma simples, porém significativo e eficaz, permitindo ao leitor entender a complexidade salutar do maior poeta da Língua Portuguesa!

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